Nosso Amor Imbecil

Quero fazer-te o que não se pode aqui falar
Me atrever a ser quem nunca pude ser
E te impressionar sendo assim tão imbecil
Porque a imbecilidade impressiona as pessoas
A imbecilidade põe-nos acima das coroas
Somos todos um bando de imbecis!
Planejando coisas que nunca virão a acontecer
E por isso quero mostrar a ti
Que posso ser o maior imbecil do mundo
Mostrar-te que posso ir bem fundo
Mais fundo que a mais funda profundidade
E serei o rei da imbecilidade
O imbecil mais feliz do mundo
Pois sei o que é amar de verdade
Tudo com o velho toque de imbecilidade
Dos imbecis de nosso idiótico mundo.

25-05-11

Cego!

É minha sim
Minha é só ela
E nada vejo
A não ser ela
Em toda parte
Amo-a destarte
E a luz nos vela
Isto é tão tenso
'stou cego, penso
Por causa dela

Melhor assim
Ser e estar cego
E ela me guia
Eu e meu ego
Pois só é feliz
E eu nem sabia!
Quem tem saudade
E desconhece a realidade.
Mas quem diria...

27-05-11

A Quem se Deve Amar

Nunca ames alguém se este alguém também te ama
Nunca ames reciprocamente
Amor vindo dos dois lados é desastre
Duas pessoas não devem se juntar
quando antes disso já se amam.
Na verdade não se amam nem sabem se amar
Amor é descoberta e deve ser descoberto
Se não amas a quem te ama
Ama esta pessoa simplesmente
Dá uma chance a quem te ama
E, juntos, esperem a merda maior
Ou o amor maior que possa haver
As coisas fáceis não têm graça
E nem merecem acontecer.

25-05-11

Soneto da Negra Relva

Menina seus pêlos matam-me assim
Que você os descobre e os faz respirar
Belos e langues me atrevo a adentrar
Onde eles estão e esperam por mim

Seus pêlos, garota, fazem-me ter
Bem mais que lascivas formas de olhar
Mil calafrios de puro prazer
E o gozo dos beijos que hei de lhe dar

Seus pêlos, menina, roçam-me a mão
Que cravo em seu corpo e afundo no vão
E os sinto e arrepio, assim quero tê-los...

Pois são negra relva, aljôfar de amor!
O orvalho dos brotos, cura-me a dor!
Me excitam, menina, os seus lindos pêlos...

20-05-11

Pêlos Novos Astros

Os céus, as estrelas e a Lua
Ultrapassados já estão
Pois novos astros serão
Os olhos e a boca tua!
Junto com os teus cabelos
Pois não me canso de vê-los
Retê-los enquanto estás nua
E então me mato por tê-los
Estes formosos pêlos
Que voam por toda a rua.

20-05-11

Fruta Americana

Mordi-lhe e arranquei-lhe um naco
Dos grandes, graúdo, graúdo
Mas vi-me decepcionado
Minguou meu apetite apurado
Com algo que não sabe a nada
Uma fruta americana
Com seu gosto de isopor
Por fora bonita e rosada
Graúda redonda e inchada
Por dentro nenhum sabor.

12-05-11

Pingo da Meia Noite

Gotas que não se esgotam
Gotejam, bravejam, latejam...
Pingam e me enlouquecem
Atrapalham um cortejo
De meus beijos e desejos
No corpo da amada minha
A gota dispara na cozinha
Com seu barulho infernal
Interrompe nosso bacanal
De duas pessoas somente.

09-05-11

O Cômputo das Reses

Quem calou a todas as vozes
Que à minha voz, sim, também cale
Mas chegar tarde bem mais vale
Que adiantar-se nalguns meses
Porque no cômputo das reses
E que serão menos ou mais
P'ra morte e seus dotes burgueses
Que diferença é que então faz
Faltar-lhe lá duas ou três
Ou quatro ou cinco, tanto faz.

Soneto Cristão

Ó Deus, Senhor benevolente
És minha força e inspiração
Faz-me homem sério e diligente
Torna-me exemplo de cristão

Livra-me, Deus, dos maus caminhos!
Põe ternura em meu coração!
Dá-me, Deus, o que prometeste!
Sou todo teu nesta oração!

Agradeço-te pela guarda,
Confio em ti, sei que não tardas.
Toma-me, Pai! Me enche de amor!

Faze-me são, manda-me luz!
Mostra o caminho, Deus, me conduz!
Canto isto a ti, ó meu Senhor!

08-05-11

Demos

dei-te minhas mãos
deste-me as tuas
mãos nas mãos
demos o aperto

dei-te meus braços
deste-me os teus
braços no braços
demos o abraço

dei-te meus lábios
deste-me os teus
lábios nos lábios
demos um beijo

beijo de amor
fomos ao espaço
amor, o que é isso?
amor é este laço.

08-05-11

Alvorada nos Olhos

Os olhos de minha namorada
São só olhos e mais nada
Mas são dela e também meus
Meus olhos são também seus
São quatro olhos e mais nada
É o nosso amor, grande sacada
De onde estiramos nossos olhos
E aspergimos todos os óleos
E abençoamos esta alvorada.

08-05-11

E a água bate nas pedras...

Começo esta ladainha dizendo que as pedras frias e cansadas pelo tempo de estaticidade começam, só agora, a se aquecer com os primeiros raios de sol da alvorada.
As pedras estão acostumadas ao desprezo e ainda mais à indiferença que parte de si mesmas e também aquela que, na direção contrária, parte dos outros e as atinge. Estas, por sua vez, imunes, são um templo fortificado que nada acomete. Um santuário de calma, pacificidade, em transe eterno, imersas na arrebatadora sintonina que têm com Deus, e seu coração centrado no mantra infindável. Enfim, têm um coração inabalável e inatingível. Ou um simples e ideal coração de pedra.

08-05-11