terça-feira, 5 de julho de 2011

(area non ædificandi )

Quero sempre evitar o agradável
E evito desse modo a decepção.
Dentro do espelho eu, a imagem, vejo o eu real
que não sabe que decepcionar-se faz parte,
que o consolo é saber que outras coisas aí vêm
(bem piores) e esta decepção não é a última.
Que os homens maus dormem bem à noite,
e os indiferentes dormem, se for o caso.
O caso de dormirem (de dormirem por acaso).

Evito sempre pensar em dormir.
Mas não me agrada saber que não durmo
quando penso em fazê-lo.
Evitando o agradável evito igualmente
o mal-estar de não ter o que fazer depois de satisfazer a vontade.
Não me agrada simplesmente.
Então evito.
Mas não faças isso que eu faço, adstante febre!

À custa de tudo isso, pesam-me as costas
À custa de tudo isso, caem as paredes
Mas não faças isso que eu faço, hic et nunc!
Evitar o agradável, mais que mortificar-se,
é mortificar-se duas vezes, digam-no os céus!
Viver, se já o é, não requer mais um reforço...
'Está tudo aí' - dizem - 'É tão claro como água!'
Mas nada é claro como água depois de n'água dar-se com os burros...

Bom que nada seja aqui plantado, tampouco erguido.


05-07-11

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