E tinha o coração divido entre mais de uma coisa, entre mais de um
objeto, entre mais de uma pessoa, sem nunca devotar o inteiro de seu ser
a apenas uma delas. Não tinha de fato um objeto de amor, o que é a mais
legítima fonte do enfado e do desespero, da crise que agarra nas tardes
solitárias, daquela podre inquietação que vai e volta, da indecisão que
as palavras não ditas plantam n'alma. Porque, muitas vezes, as palavras
ditas não importam, elas só saem a esconder o que não foi dito. Às
vezes importa muito mais traduzir o que se perde, traduzir o que não foi
dito ao invés do que o foi; essa é a única parte que interessa quando
lemos as pessoas. E ler as pessoas é uma arte arcana, é mistério puro,
como tudo o que envolve isso de penetrar as palavras.
02-09-2011
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