Olha!
Vê os homens e o mundo que constroem
que aterrorizam, capitalizam, barbarizam, escravizam
e, tão estoicos, se destroem...
Olha!
Vê as estrelas alheias a quedar-se
que brilham, olham, abrolham, folham
o céu pardo a então calar-se...
Olha!
Vê os astros do universo a se adejar
que se explodem, erodem, eclodem, implodem
em seu longínquo bodejar...
Olha!
Vê as galáxias, os milhões, que já se apinham
que se abandam, tresandam, viandam, ciradam
Cruel silêncio que escrevinham...
Olha!
Vê o frio céu que alturas pinta
que desce, cresce, escurece, anoitece
Mutantes cores, mesma tinta...
Olha!
Vê o universo imenso onde todas coisas somem
e se dissolvem, persolvem, exsolvem, se revolvem
no meio delas vai o homem...
joão niemandt
29-11-11
terça-feira, 29 de novembro de 2011
sábado, 26 de novembro de 2011
Capítulo XI - Onde se conta o que os Assírios estariam desejosos de saber e não o puderam.
Belas manhãs no ermo do Crescente, o rei assírio degolou a muitos homens, misturou seu sangue em argamassa, moeu seus ossos, cortou seus dedos, cerceou suas cabeças, arrancou seus olhos, juntou-os com pedras e betume e os emparedou como tijolos e ladrilhos, revestindo com suas peles enormes e humanas muralhas. Muralhas feitas de homens, ligados espaço a espaço, vazio a vazio, por usuais substâncias de alvenaria nos entremeios. Macabros muros assentados na dor do esquartejamento de homens beligerantes, nada mais intimidador para os inimigos e potenciais invasores. O rei, que já era muito cheio de si, orgulhava-se de ser tão perverso e, se pudesse, provavelmente dormiria diante do ostentoso símbolo seu e de seu povo, assim como de sua estultícia, tão bem construído e autoexplicativo quando se conjecturava o que havia lhe conferido a tão aparente solidez. Mas uma bela manhã, e sem muita cerimônia, chegaram, com ou sem rodas, berrando muito alto, os caldeus - sim os caldeus - e transformaram a muralha em pó, e junto com ela também os assírios e seu rei de pernas bambas, pisoteando, linchando, empalando, e arrevessando sua carcaça estripada como a de uma caça qualquer que se atrapa num fojo. Suas mulheres foram estupradas, violentadas até a morte, seus soldados foram mortos ou escravizados, suas crianças sobreviventes foram vendidas aos nômades mercadores. Os corpos dos que pereceram foram amontoados em montões que chegavam às nuvens e nem os vermes nem o pó da terra deram conta de comê-los. Pôs-se um termo àquele povo tão temido, cruel e, aparentemente, invencível. E para que saibam os podres assírios, tudo isso é culpa de Arpachade.
21-09-11
21-09-11
Quartzomegama!
Tenho um coração retrátil,
maltalhado e mal-ajambrado
em arcano método serôdio
que igonoro completamente.
É um calhau solto cá dentro
a balouçar c'os solavancos.
A não servir-me nas altercações
A ser uma coisa qualquer
que a mim não agrada nem desagrada,
mas que se enrijece mais e mais
imune às pancadas que lhe dão.
Me maldizem por conta dele...
Porém ele a ele pertence
E eu, a mim me entrego
E não a ele.
Não sei a quem pertenço
Não me deixo dominar
Por uma pedra.
Nesta pedra britada
impera a falta de continuidade
do interesse em ser humano
do interesse pelo ser humano
E instala-se o entrave
Aos modos fáceis de afeto
Aos afetos e aos cômodos modos
De ter modos para com cômodos
meu quarto...
28-08-11
maltalhado e mal-ajambrado
em arcano método serôdio
que igonoro completamente.
É um calhau solto cá dentro
a balouçar c'os solavancos.
A não servir-me nas altercações
A ser uma coisa qualquer
que a mim não agrada nem desagrada,
mas que se enrijece mais e mais
imune às pancadas que lhe dão.
Me maldizem por conta dele...
Porém ele a ele pertence
E eu, a mim me entrego
E não a ele.
Não sei a quem pertenço
Não me deixo dominar
Por uma pedra.
Nesta pedra britada
impera a falta de continuidade
do interesse em ser humano
do interesse pelo ser humano
E instala-se o entrave
Aos modos fáceis de afeto
Aos afetos e aos cômodos modos
De ter modos para com cômodos
meu quarto...
28-08-11
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